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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

SANTA CLARA, CLAREAI!

     


Ontem (11/08) foi dia de Santa Clara e lembrei-me da infância entre açorianos com suas rezas, benzeduras, ditos e crenças - Santa Clara, clareai! Santa Luzia passou por aqui com seu cavalinho comendo capim. Ah! Saudades. Saudades até das idades que tive. Não me lembro ter saudades dos meus quinze anos, mas já as tive dos meus dezoito. Depois me veio, no meio do caminho, saudade enorme dos meus quarenta anos.
     Fiz aniversário neste mês, agosto, contragosto de fazê-lo, mas o que se há de fazer e dizer ao tempo inexorável? Dei um tempo ao tempo e nesse período de tempo, sem tempo, em meio ao tempo, contemporizei a tempo como há muito tempo não fazia e fiz um poema ao tempo que passa, para lembrar Santa Clara. E clareai! Santa Clara. 


Tudo vem e tudo passa
Como por graça ou castigo,
Mas eu cá tenho comigo
Ser, por ser tudo de graça.

Tudo é de graça e sem graça.
Quando a gente tem um amigo
Que se vai, eu não consigo
Saber se é norma ou trapaça

Dessa lei que a gente deixa
Tudo o que fica, e sem queixa
Nem, se quer, questionamento.

Por isso me agarro à vida
Como eterna despedida
Vendo a morte um advento.
     

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